"O carioca José Bispo Clementino dos Santos nasceu em 1913, foi engraxate e vendedor de jornais antes de descobrir o talento para cantar"
A voz de Jamelão começou a fazer sucesso no rádio, passou por orquestras e se eternizou no carnaval. A repórter Sandra Moreyra conta a trajetória desse talento.
O carioca José Bispo Clementino dos Santos nasceu em 1913. Na infância, o pequeno Saruê, como era chamado, foi engraxate e vendedor de jornais.
“Quando garoto, eu não imaginava que fosse ter essa voz”, admitiu Jamelão.
Voz? Vozeirão. A veia musical se revelou quando o menino pobre começou a tocar o cavaquinho e o tamborim. Em pouco tempo, conheceu os ritmistas da Estação Primeira de Mangueira.
Chegou a trabalhar como operário numa fábrica de tecidos. Mas a voz forte, poderosa, o levou aos programas de calouros nas rádios.
Com a fama, vieram os convites para se apresentar nas gafieiras do Rio. E foi numa delas, diz a lenda, que teria surgido o apelido de Jamelão. “Jamelão é uma fruta, mas eu não sou fruta”, brincava.
O rapaz, do bairro de São Cristóvão, Zona Norte da cidade, se consagrou como cantor. Mas o posto preferido era mesmo à frente da Verde e Rosa, onde virou uma referência do samba.
Jamelão também era conhecido por cultivar uma fama: a de ranzinza. Sempre foi avesso a entrevistas. Quando resolvia falar, era do tipo que não fazia cerimônia. “Eu canto música e mulher também, às vezes, quando posso. Às vezes, elas cospem marimbondo em cima de mim, o que eu vou fazer?”.
E ai de quem o chamasse de puxador de samba. “Puxador é puxador de corda, de fumo, puxa-saco. Puxador de samba, não, eu sou cantor”.
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