POÉTICO INÍCIO DAS "CONFISSÕES DA CONDESSA BEATRIZ DE DIA", ONTEM LANÇADO POR GUIDO VIARO
"Ano 1163
Outrora os flocos de neve manchavam as rosas.
Pergunto aos dias como
acontecem os encaixes entre o que sinto e vejo.
Nesse espaço vago talvez
eu me esconda, o resto é vento... abstrata matéria entre o muro de
pedra e o riacho. Descubro pequenas sombras coloridas, mas não estou
contida nelas ou em qualquer outro lugar.
Não sou a lua cheia nem o que
existe entre ela e eu.
Nas águas de um lago as luzes dançam suas
canções provisórias.
Esse movimento acalma a sede que sinto, espalhando
estrelas por todos os instantes.
Engulo desejos que me parecem fatos
consumados.
Sobre as pétalas da noite forma-se orvalho, cuja densidade
escura aproxima-se do enigma que sinto ser.
Mas talvez eu seja resposta
acabada, espelho trincado onde se contempla um homem sem olhos.
Se assim
for, não existirão respostas, precisarei aceitar minha condição de
meio-termo que desconhece em que tipo de superfície estão plantadas
minhas raízes.
Posso ser um nenúfar flutuante que é arrastado pela
correnteza, meus dias então, seriam fragmentos de dois lados escuros
igualmente desconhecidos.
As respostas derretidas dissolvem as
perguntas, e só o que resiste são meus olhos, muito hábeis em expressar
dúvida e desencanto".
"Ano 1163
Outrora os flocos de neve manchavam as rosas.
Nas águas de um lago as luzes dançam suas canções provisórias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário